Digimon Adventure - Enredo

Enredo
Digimon tem um enredo consistente e que evolui. Baseado no recorrente ideal do Bem contra o mal, neste caso feito por crianças. No entanto, esta norma serve como pano de fundo para a história, pois não se resume tudo a batalhas entre os monstros digitais.

Pergunto-vos, tirando isso o que temos?
Tirando a missão dos digi-escolhidos de enfrentar os maus o que sobra?

Uma pessoa que apenas olha para digimon diria que e essencialmente isso. Batalhas. Vencer os vilões. Mas para os espectadores que realmente vê entendem que digimon e muito mais.

A minha resposta a pergunta seria:

Muita coisa…

Primeiro que tudo temos crianças. Crianças descobrindo como é viverem sozinhas num mundo desconhecido. Crianças aprendendo a respeitar as diferenças dos outros, bem como adquirindo valores, tão raros de serem encontrados nos dias de hoje. Crianças, acima de tudo, sendo crianças. Esta é uma das características chave. Apesar de serem "crianças eleitas" todos elas são bastante humanas e facilmente identificáveis com os espectadores.

A história de Digimon procura passar valores realmente importantes e os que deveriam ser preservados, sobretudo, pelo público alvo, as crianças. Temos os oito cartões: Coragem, Amizade, Amor, Conhecimento, Sinceridade, Confiança, Esperança e Luz. Todos representam valores que o autor da série considera essenciais. Sim, essenciais! Porque estes valores não são simplesmente lançados para a série. Cada um dos digi-escolhidos, para activar o seu cartão, tem que aprender o que de facto ele significa. E isso não é tarefa fácil. Vou dar dois exemplos disso:

1)Tai e o cartão da Coragem. Tai erra muito até aprender que ser corajoso não é sair por ai enfrentando tudo e todos. Que não é sendo impulsivo e inconsequente que é corajoso. Isto é visível na digievoluçao negra de Greymon para Skullgreymon. Foi uma digievolução forçada, na qual Tai tentou obstinadamente a digievolução, colocando-se a ele e a outros em perigo para o conseguir. Esquecendo-se que a coragem não se faz apenas de confrontar o perigo de frente.

No entanto, quando Sora foi capturada por Datamon, Tai recupera a sua coragem. E mais tarde, Tai consegue então activar o seu cartão. Para tal ele aprendeu que ser corajoso é saber seguir em frente sempre. Enfrentar, antes de tudo, os medos e as incertezas, e saber também quando é a altura de parar.

2) Sora e o cartão do Amor. Para o activar, Sora teve que aprender que amar é tolerar as diferenças, aceitar as pessoas com todos os seus defeitos, e por vezes brigar com quem amamos para que essa pessoa não sofra depois. Sora passou grande parte da série a perguntar-se o porque do seu símbolo ser o Amor e a procurar o que realmente o Amor é. Mais tarde ela só teve que aprender a entender a mãe, para entender o que é amar. Reparem que apesar do seu cartão ser o amor, este nada tem haver com paixões, namoros, etc. Este cartão procura passar uma mensagem muito mais profunda. Amor é entender, relacionar e aceitar. Foi isso que Sora aprendeu.

Evolução da História
Em Digimon, temos a simples técnica de sempre estar enfrentando um novo vilão. Mas uma técnica que, nesse caso, deu certo. As lutas não ficam no mesmo clima monótono de sempre. Existe sempre um desafio novo a vencer, maior que o anterior, para o qual é preciso mais poder e força para o conseguir derrotar. E o interessante em Digimon, é que esse poder não provem do treinamento dos monstros digitais. Tal poder só é conseguido através do crescimento dos personagens. Crescimento esse que é interno.
Tal é bastante visivel em TK e Patamon. Patamon é sempre o último a digievoluir. Porquê? Porque TK não quer lutar. E Patamon sente medo de magoá-lo ou de não conseguir ser o que TK espera dele. Apenas quando ambos estão no mesmo patamar, igualmente evoluídos, é que Patamon digivolui. Recordo o momento da batalha com Piedmon em que TK ficou sozinho. Ele percebe que para salvar os seus amigos e o seu irmão é necessário lutar. É ai que ele vê a esperança e patamon alcança o nível mega campeão.

Retomando, tal como disse a cada vilão, as coisas ficam mais difíceis e complexas. E para concluir este artigo vou focar o último vilão da primeira temporada de Digimon, Apocallymon.

Ele exigiu das oito crianças trabalho em equipa, força de vontade e, sobretudo, estratégia. Cada um cumpriu uma função: Kari e TK defendiam, Mimi e Joe distraíam, Sora e Izzi abriam o caminho, para então Tai e Matt culminarem com derradeiro golpe final. As crianças levaram a temporada inteira para aprender a fazer algo assim, já que no inicio eles nem sequer conseguiam decidir para que lado ir. Nem conseguiam estar todos do mesmo lado.

Digimon consegue ter um enredo mais forte que muito filmes para adulto que vejo por ai. Consegue se manter coerente do principio ao fim, e apresenta filosofias muito próprias, como e o caso da evolução. E ao contario de outras séries que existem por ai com a mesma temática (sim, isto é uma boca para os pok..) A evolução dá-se no interior, e isso reflecte-se no exterior.

Resumindo, o enredo de Digimon diz-nos isto:

"Não acredites que consegues evoluir sem problemas ou que consegues aperfeiçoar-te sem sacrifícios."